Essa é uma reflexão que faço quando tenho que escolher alimentos. Diante de um enorme freezer de supermercado com cortes diversos de frango, de marcas variadas, e me lembro que achava horrível ver a avozinha (D. Angelina Faceto – avo do Renato e que acabei adotando como avozinha), degolar, depenar, escaldar, etc, etc. vários frangos, que depois ela cozinhava ou congelava e distribuía pra família toda.
E realmente não e a coisa mais agradável de se ver, ou de ajudar a fazer, mas se pensarmos sobre a perspectiva alimentar chega a ser cínico da nossa parte. Preferimos escolher um pacotinho sem cheiro e sem cor, alias com muita cor, do rotulo ou embalagem bem bonita e agradável, sem saber como aquele frango foi criado, quais hormônios, rações ele recebeu e por ai vai toda a cadeia de processamento. Aquele frango da avozinha, que parecia horrendo pendurado sei la eu porque, tinha sido criado solto, comido o mais naturalmente possível e tido um processamento digno, se é que posso falar dessa forma.
Mas o principal disso tudo é a conexão, a conexão que existia entre o frango, o tempo e a intenção de alimentar pessoas que se conhece e ama. Sim quando você planta ou cria algo para alimentar seus filhos, amigos e ate mesmo vizinhos existe uma preocupação com a qualidade, que vai alem da esterilização. Hoje temos uma preocupação excessiva com a segurança dos alimentos. sim isso e importante, mas a origem perdeu o seu lugar, seu sentido.
Eu como consumidora dou preferência a produtos orgânicos, procuro saber a origem, mas isso e uma parcela muito ínfima perante o que consumo. Entre uma bandejinha com abóbora picadinha e descascada para fazer uma sopa deliciosa, e uma grande abóbora para que eu descasque, o dilema desaparece. e saiu eu do mercado com a tal bandejinha de isopor, que eu tanto odeio!!! Sim poderia ser pior, poderia ser um pacotinho de sopa de abóbora instantânea cheio de sódio, mas neste game eu já passei de fase.
E creio que é exatamente esse o ponto, quanto mais conhecemos, mais informação, melhores podem ser as escolhas que fazemos.
Falo da origem, e dou tanta importância ao assunto, porque estou cada vez mais convencida de que não adianta deixar de comer hambúrgueres e passar a tomar pozinho e shakes, que tem químicas e combinações que ate podem ser nutricionalmente corretas, mas não são alimento. Quando falo em alimento falo em nutrientes e em amor. Sim sabe porque ninguém repete a receita da macarronada da sua avo, ou porque a sopa de feijão da sua mãe e a melhor do mundo?
Dispensa explicação certo?
Pois o agricultor que planta para família jamais tem a mesma filosofia do que planta para rodar a industria da soja. Alias tem uma entrevista fantástica do Michael Pollan,Com Francine Lima (@franilima) e Soledad Barruti (@solebarruti). – e extremamente esclarecedora a respeito desse assunto e desperta muitos insights sobre a industrialização da alimentação. – Terceira parte da entrevista que Michael Pollan concedeu ao canal Do campo à mesa em 1 de agosto de 2014 durante a #Flip2014 (Festa Internacional de Literatura de Paraty). https://youtu.be/CIK3dYoy81U
Então vamos la, conhecer para poder escolher. Recomendo o blog Do campo à mesa, da Francine Lima (@franilima) como porta de entrada.